Atraso em safra de soja deve trazer desafios logísticos para exportadores

30 de janeiro de 2021 às 0h15

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Crédito: Paulo Whitaker/Reuters

São Paulo – A programação de navios nos portos brasileiros para fevereiro indica que haveria demanda para exportação de mais de 8 milhões de toneladas de soja, o que poderia ser um recorde para o mês após os fracos embarques em janeiro devido ao atraso na safra 2020/21, plantada mais tarde.

Mas atingir tal volume não será fácil porque a colheita no maior produtor e exportador global da oleaginosa está atrasada, o que impõe desafios logísticos às tradings globais, que têm de lidar com compromissos de embarque acumulados no segundo mês do ano.

De acordo com integrantes do setor, além do ritmo mais lento da colheita, há alguma preocupação com uma eventual greve de caminhoneiros, que, se ocorrer e bloquear rodovias a partir de segunda-feira, poderá limitar a chegada do produto da safra nova aos portos. O Brasil colheu apenas 2% da nova soja até o momento.

Em janeiro, que deve fechar com embarques 86% menores ante 2020, com apenas 225 mil toneladas, conforme dados desta semana da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), parte das cargas não originadas no Brasil acabou saindo dos Estados Unidos, beneficiando o grande rival brasileiro em soja.

“Fevereiro vai ser muito tumultuado, não só nos compromissos portuários como na oferta de caminhões no Brasil, tendo em vista que a maioria vai estar ainda em Mato Grosso puxando a safra que atrasou”, disse um operador de uma grande trading multinacional à Reuters, que pediu anonimato.

O line-up de navios nos portos brasileiros para fevereiro indica previsão de cerca de 8,5 milhões de toneladas, conforme levantamento da Reuters com base em dados da agência marítima Cargonave.

Na mesma época do ano passado, a programação de navios indicava embarques de cerca de 6 milhões de toneladas, enquanto os embarques efetivos em fevereiro de 2020 somaram 4,8 milhões de toneladas, segundo dados do governo.

“Tem desafio de encher os navios todos, provavelmente vamos ter problemas por causa do atraso no plantio, que está se refletindo agora”, concordou o diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes.

Ele evitou fazer prognósticos sobre o volume de soja que deverá ser efetivamente embarcado em fevereiro, ressaltando que a programação nos portos pode não refletir o que será de fato escoado.

“Milho vai ter problema, vai exportar um pouco de estoque de passagem, dois ou três navios, e não vai ter mais nada em fevereiro”, disse ele, em referência à oferta restrita.

Greve – Questionado, Mendes disse que a ameaça de paralisação dos caminhoneiros é uma preocupação, mas destacou que, pelas informações recebidas pelo setor, o movimento não deve ter a força de 2018.

“É uma preocupação a mais… Acho que o bom senso vai prevalecer”, disse ele, lembrando que a entrada da safra é quando o caminhoneiro obtém os melhores valores para o frete.

Ele acrescentou ainda que, diferentemente de 2018, em 2021 os manifestantes não têm o apoio da sociedade para realizar bloqueios, até por conta da situação gerada pela pandemia. (Reuters)

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