Valores praticados no País estão perto de incentivar as importações, aponta o Inda

24 de fevereiro de 2021 às 0h15

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Crédito: Divulgação

São Paulo – Os distribuidores de aços planos no Brasil consideram que o valor do produto cobrado pelas usinas siderúrgicas no País já está próximo do nível em que a importação começa a fazer sentido econômico, mesmo com o câmbio no nível atual.

O segmento, que é responsável por cerca de 30% do consumo de aço no País, acumulou nos últimos meses reajustes de preços de mais de 100% e avalia que eventuais novos aumentos pelas usinas podem ser difíceis de serem implementados.

“Nos preços atuais o prêmio já está em 12%, 13%…são prêmios que anteriormente mostraram incentivo à importação”, disse o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro.

“Está no limite para incentivar importação”, disse Loureiro, acrescentando que “a curto prazo vemos estabilidade de preços” diante da alta dos preços internacionais puxada por aumentos nos custos de insumos como carvão e minério de ferro.

As importações de aço plano pelos distribuidores subiram 75% em janeiro sobre dezembro e cerca de 52% sobre janeiro do ano passado, para 161,4 mil toneladas, segundo os dados do Inda.

Em janeiro, as vendas dos distribuidores de aço plano no Brasil subiram 12,7% contra dezembro e 16,2% na comparação anual, para 324,6 mil toneladas. Enquanto isso, as compras de material das usinas pelo setor subiram 0,8%, ante dezembro, e 13%, contra janeiro de 2020, para 335,9 mil toneladas, segundo dados do Inda.

A combinação fez o nível de estoques do setor subir 1,7% em janeiro contra dezembro, para 687 mil toneladas, equivalente a 2,1 meses de venda, uma queda ante o verificado em dezembro.

“O que temos recomendado é que a rede (de distribuidores) refaça os estoques com muita parcimônia…Vamos ver os estoques subindo lentamente durante o ano”, disse Loureiro, ressaltando o risco de se montar estoques sob um nível de preço elevado de produto.

A expectativa da entidade é que as vendas de aço pelos distribuidores de planos cresça cerca de 6% este ano, “podendo chegar a 8%, 9%” dependendo de como a pandemia, e o auxílio emergencial do governo federal, evolui no Brasil, disse o presidente do Inda.

Segundo ele, as usinas estão negociando com o setor automotivo os contratos anuais restantes de preços depois de reajustes de parte deles em janeiro. “Para abril está sendo negociado ao redor de 60% a 70% de aumento”, disse Loureiro.

Apesar do nível atual de preços do aço no País, ele afirmou que não espera no curto prazo haver sobra de produtos acabados no Brasil que force as usinas a concederem descontos nos seus preços no mercado interno.

“As usinas estão com suas carteiras de pedidos lotadas e os preços todos implantados”, disse Loureiro. “A Usiminas está praticamente fechando já a programação de maio”, acrescentou.

Para fevereiro, a expectativa do Inda é que a compra e a venda de aço plano pelos distribuidores tenham uma queda de 5% na relação com janeiro. (Reuters)

CSN estima alta de 25% neste trimestre

São Paulo – A CSN espera que o preço médio de aço praticado pela empresa no primeiro trimestre seja 25% maior que o registrado no fim do ano passado, em meio a uma combinação de migração de efeitos de reajustes passados com novos, afirmou o diretor Comercial da companhia, Luis Fernando Martinez.

“No primeiro trimestre vai ter um carry over de preços em torno de 25% que já está dado…Além do carry over, provavelmente vamos ter mais um aumento em março para distribuição focado em (laminados) a quente e a frio”, disse Martinez, em teleconferência com analistas do setor. Ele lembrou que a CSN reajustou preços em 19% no quarto trimestre de 2020.

“No segundo trimestre…vai ter da ordem de 20%, isso está dado, não tem o que fazer”, acrescentou o executivo.

Para o presidente da companhia, Benjamin Steinbruch, os reajustes seguidos no preço do aço no Brasil são “atualização de custos para que você se mantenha competitivo nas margens do mercado”. “Realmente, para a siderurgia, eu vejo necessidade de novo aumento em março e muito provavelmente outro aumento no segundo trimestre”, disse.

O setor siderúrgico tem enfrentado críticas sobre os reajustes de preços promovido no País. Na véspera, o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, considerou as críticas injustas, citando que várias matérias-primas, como aço e carvão, têm visto saltos de preços.

Para a CSN, o que vai permitir a implantação dos reajustes será um mercado interno ainda demandante em vários segmentos, incluindo veículos, máquinas e equipamentos e construção civil e dificuldades de disponibilidade mais imediata de material importado, disse Martinez. Ele afirmou que o salto nas importações de janeiro deve-se ao efeito da CSN trazendo de volta dos Estados Unidos 50 mil toneladas para atender o mercado doméstico.

O executivo, que avalia que o prêmio do aço no Brasil está em 12% a 16%, estima que a CSN vai elevar suas vendas de aço em 2021 em 12% a 15% no Brasil, para 3,6 milhões de toneladas.

Balanço – A CNS obteve lucro líquido de R$ 3,9 bilhões no quarto trimestre de 2020, um salto em relação ao resultado de R$ 1,1 bilhão no mesmo período de 2019.

O resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado triplicou para R$ 4,7 bilhões, recorde trimestral, com a margem Ebitda ajustado quase dobrando para 47%.

A receita líquida da CSN somou R$ 9,8 bilhões, elevação de 50% ano a ano, com a empresa atribuindo tal performance principalmente ao “ótimo desempenho nos segmentos de siderurgia e mineração, impulsionados pela alta global dos preços das commodities”.

No final de 2020, a dívida líquida atingiu R$ 25,619 bilhões, com a forte geração de caixa do período sendo somada ao decréscimo da dívida pela variação cambial, o que ajudou na redução da alavancagem medida pela relação dívida líquida/Ebitda que atingiu 2,23 vezes, o menor patamar desde dezembro de 2011. (Reuters)

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