Livro lista palavras raras do português caipira no Brasil

Obra do médico Cezar Augusto Xavier Moreira valoriza uma cultura milenar que dá base à sociedade atual

22 de fevereiro de 2024 às 7h00

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Moreira: cada vez mais eu vejo a sociedade querendo resgatar essa cultura | Crédito: Arquivo Pessoal

Uma coleção de palavras raras, muitas já em desuso, deu início a um fascínio que se tornou livro. A obra “Arcaísmo na língua portuguesa – do culto ao caipirismo”, do médico Cezar Augusto Xavier Moreira, parte da curiosidade do autor enquanto leitor pela formação do português como língua e rende graças ao linguajar caipira.

Segundo o autor, o interesse começou com a leitura de clássicos brasileiros e lusitanos, especialmente as obras de Machado de Assis.

“Comecei a me interessar pelo arcaísmo na medida em que fui lendo os clássicos e me encantando com aquelas palavras, algumas já em desuso. Eu não tinha nenhuma pretensão que não fosse saciar a minha curiosidade. Lendo Machado de Assis, eu grifava as palavras que eu achava arcaicas ou raras naquele momento. Ao final, tinha um acervo interessante. Resolvi passar aquilo a limpo e veio a curiosidade de ver outros autores. Comecei a buscar Eça de Queirós, Pero Vaz de Caminha, Camões. É um universo muito grande. Como sou interiorano, eu identificava no falar do nosso povo algumas dessas palavras ainda no cotidiano. Foi assim que a ideia do livro surgiu”, relembra Moreira.

O livro não apresenta explicações gramaticais ou a formação do português, funcionando como uma espécie de léxico. Ainda assim, a obra presta um tributo ao linguajar caipira, falando especialmente em Minas Gerais, São Paulo e Goiás, pela sua contribuição ao que hoje reconhecemos como um “português-brasileiro”. O lançamento do livro vai acontecer na Livraria da Rua (região Centro-Sul), dia 24.

“O caipirismo é a forma dialética do homem do campo se comunicar. As pessoas são muito preconceituosas ao entenderem a comunicação caipira como se ele fosse um português errado ou de menor valor cultural. Ao contrário, essas palavras que já não são mais usadas, como ‘fruito’ ou ‘alevantar’, por exemplo, estão nos clássicos, já foram a norma. Isso é muito rico. Esse linguajar persiste graças a um certo isolamento imposto ao homem do campo”, pontua.

“Arcaísmo na língua portuguesa – do culto ao caipirismo” conta com o prefácio do vice-presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Epiphânio Camillo, e o posfácio do ex-presidente da ACMinas Lindolfo Paoliello.

Longe de querer esgotar o tema, com 600 páginas, o volume dialoga com uma certa tendência identificada pelo autor de valorização de uma cultura milenar que dá base à sociedade atual.

“Quanto mais o mundo se globaliza, mais nos voltamos para a nossa aldeia. Busquei os meus ancestrais até as primeiras dinastias portuguesas. Cada vez mais eu vejo a sociedade querendo resgatar essa cultura milenar que a modernidade teima em colocar como uma coisa de somenos importância”, destaca.

A produção literária do médico não se restringe aos encantos do português caipira. Portador de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) Familiar, no dia 2 de março ele lança seu terceiro livro: “A vida vale a pena, mesmo com ELA”, sobre a doença degenerativa. Dessa vez, será na Livraria Asa de Papel (região Leste).

“É o terceiro livro da minha saga. Já são 40 anos convivendo com a doença, que é genética e hereditária. É a minha forma de contribuir com a ciência e especialmente com as famílias que precisam lidar com essa questão. É uma visão mais holística da doença”, completa o escritor.

Crédito: Divulgação
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