SOS: a urgência da consciência

A grande guinada para o entendimento do que é ser consciente deve acontecer de forma emergencial

17 de abril de 2024 às 5h29

Na matemática do mundo corporativo, resultado é a soma de consciência + propósito. E essa tal consciência, neste contexto, é a capacidade de “leitura” e compreensão de todos os ambientes (internos e externos). Por exemplo, viver em um sistema capitalista é compreender que as organizações têm liberdade para iniciar e administrar seus próprios negócios, tomar decisões econômicas e destinar recursos de acordo com seus interesses. Ser consciente aqui é compreender e fazer contrapontos sobre como sua empresa impacta regularmente esses ambientes. Seria possível ser uma empresa em busca de lucros e ainda assim ser consciente?

CONSCIÊNCIA:

Substantivo feminino
Sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior.
Sentido ou percepção que o ser humano possui do que é moralmente certo ou errado em atos e motivos individuais. “Agiu conforme sua consciência.”

A grande guinada para o entendimento do que é ser consciente deve acontecer de forma emergencial. Empresas com propósito mudam o mercado, impactam a comunidade e tendem a trabalhar com colaboradores felizes. Consequentemente essas mesmas empresas produzem mais riquezas. Mas cuidado: um propósito deve ser maior do que a ânsia desenfreada por lucratividade. Uma empresa sem um propósito claro tende a ter uma vida curta.

Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no último ano mapeou o comportamento do consumidor em 2023 em relação a 2022 e identificou um aumento no número de brasileiros que se preocupam com hábitos sustentáveis. Ou seja, se para o consumidor a sustentabilidade já é algo importante e relevante, obviamente isso será refletido no mercado. Indivíduos em seus novos hábitos de consumo já têm escolhido empresas que também compartilham de seus valores, ideias e percepções de mundo.

Para exemplificar minha argumentação acima, quero trazer o case da varejista Reserva, que desde sua fundação tem um DNA de consciência. Em entrevista para a revista “Isto É Dinheiro”, seu CEO, Rony Meisler, afirmou: “O dia que eu estiver aqui para olhar apenas o resultado financeiro, eu não verei mais sentido no negócio” e ainda “As empresas que estarão vivas daqui a 200, 300 ou 400 anos são as que pregam o capitalismo de stakeholder e não de shareholder”.

Quando RajSisodia, um dos fundadores do movimento Capitalismo Consciente, cunhou o termo, ele de alguma forma entendeu que na grande maioria das empresas havia um esforço exagerado na busca pelo lucro, e em contrapartida, havia uma comunidade (grupo de interesse) sedenta por apoio. Nascia ali o Capitalismo Consciente, para que as organizações compreendessem que o mercado só teria um propósito se fosse fomentado a partir de uma espécie de ganha-ganha.

O livro “Firms of Endearment” traz dados ainda mais impactantes: empresas que operam com a consciência de um Capitalismo Consciente superam em nove vezes seu desempenho médio em dez anos. Ou seja, embora numa empresa consciente seu time tenha salários bons, seus fornecedores recebam em dia, seus clientes sejam bem atendidos e as comunidades sejam cuidadas, eles ainda têm mais dinheiro para retornar aos seus shareholders.

Gerar bem-estar e riqueza a todos os grupos de interesse cria performances corporativas com propósito e traz consciência (por meio de exemplos) para toda a cadeia.

Minha intenção aqui não é romantizar, mas sim destacar a necessidade e urgência da reinvenção da visão capitalista, não limitando-a a apenas trazer lucro, mas trazendo-a com consciência. Pode não haver outro caminho. Ser consciente não significa apenas estar ciente desses aspectos, mas também agir de acordo com essa consciência.

Não é mais possível que as lideranças atuais continuem focando apenas no lucro para o shareholder em detrimento aos outros stakeholders.” (Hugo Bethlem, chairman do Capitalismo Consciente Brasil.)

*Executiva na Loop Vídeo - Produtora, Sócia na Ordoo | Mentoria de Gerenciamento, Diretora de Negócios na Oitenta Café | Cafés Especiais , Embaixadora do Capitalismo Consciente Brasil, Colunista no Observatório da Comunicação Institucional e Board Club Member da Board Academy Br. E-mail: [email protected]. Instagram: @jumacieloficial e Linkedin: Juliane Maciel

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