Guia favorece transparência de origem da soja brasileira

Material se destina a biomas Cerrado e Amazônia

30 de julho de 2022 às 0h30

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Crédito: Paulo Whitaker/Reuters

Com o mercado, os investidores e os consumidores cada vez mais exigentes em relação a uma produção sem desmatamento e que respeite os direitos humanos, a transparência dos processos de produção e comercialização se tornou obrigatória para a sobrevivência dos negócios. Em várias partes do mundo, como na União Europeia, por exemplo, as legislações têm sido modificadas e caminham para a proibição da importação de commodities, como a soja, que tenham origem de áreas desmatadas. Com as exigências, a cadeia produtiva tem buscado implantar ações diversas e elaborado relatórios que mostram o progresso.  

Com o objetivo de ajudar as empresas comercializadoras de soja brasileira a atender a essas novas realidades, o Instituto de Manejo e Certificação Florestal (Imaflora) e a The Nature Conservancy (TNC) elaboraram um guia que traz uma proposta de roteiro para a produção de relatórios de progresso sobre soja livre de desmatamento. O guia, que é gratuito e destinado às comercializadoras de soja, é voltado para dois dos principais biomas do País: Cerrado e Amazônia. 

Até o momento, não existia um guia que padronizasse a metodologia e os indicadores, o que prejudicava o acompanhamento da evolução na implementação dos compromissos socioambientais. 

De acordo com o coordenador de projetos sênior do Imaflora, Lisandro Inakake, hoje, cada empresa compradora faz um tipo de relatório de progresso, com diversas metodologias e indicadores, que acabam não sendo suficientes para compreender os impactos ambientais e sociais associados à soja. Além disso, com as informações apresentadas pelas empresas, é difícil acompanhar a evolução na implementação dos compromissos socioambientais. 

“O objetivo do guia é compilar as informações e boas práticas de forma a facilitar a criação dos relatórios e dar mais transparência aos processos do cultivo à comercialização final. O guia é um roteiro para se fazer o relatório de progresso. Ele não é obrigatório, mas está alinhado à demanda dos mercados que compram soja do Brasil. O objetivo é mostrar como as traders que comercializam a soja do nosso País atendem aos seus compromissos privados, principalmente, de eliminação do desmatamento nos biomas. Ele vem com a proposta de apoio para que as empresas alinhem o relatar progresso para que o mercado entenda como ele está evoluindo”.

Passo a passo

Segundo as informações do Imaflora, o guia está dividido em quatro partes. A primeira oferece orientações gerais sobre a divulgação das informações. A segunda solicita informações relativas à organização que está elaborando o relatório de progresso. A terceira,  a mais importante, é onde são apresentados os indicadores para mensurar os avanços concretos nas áreas de onde uma trader origina a soja (própria e de fornecedores), em termos de eliminação do desmatamento e com base no respeito aos direitos humanos. Na quarta parte estão listados termos e definições utilizados neste documento de forma a facilitar a compreensão dos requisitos e indicadores propostos. 

“Nossa proposta é padronizar a abordagem e deixar claro o indicador e a informação que têm quer aparecer. Sabemos que cada empresa tem sua metodologia, e a proposta é fazer algo externo para que todas sigam o mesmo norte. Dessa forma, o mercado comprador, principalmente o europeu, tem condições de olhar e ver o que realmente está avançando, de forma transparente e com uma abordagem padronizada”.

Ainda segundo Inakake, o mercado, os investidores e consumidores estão em busca de produtos sustentáveis e modificando as legislações para impedir a importação de produtos cuja produção causou desmatamento ou não respeitou o social. 

“Os mercados estão mais exigentes, alguns não querem nenhum tipo de desmatamento. China e Estados Unidos já buscam por produtos importados com desmatamento legal. É importante que as empresas que negociam a soja e que estão avançando nestas questões, mostrem, de forma clara, o que elas têm”. 

O guia foi elaborado para a produção de soja devido ao grande volume que o Brasil exporta, mas também pode ser usado para o milho, que mantém o mesmo perfil de produção. 

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