Oito em cada dez empresas têm dificuldade para contratar profissionais qualificados
Entre os recrutadores, 25% acreditam que o processo de contratação ficará ainda mais desafiador
19 de dezembro de 2023 às 19h17
A dificuldade para contratar profissionais qualificados é uma realidade apontada por 78% dos recrutadores. De acordo com a edição mais recente do estudo trimestral Índice de Confiança Robert Half (ICRH), 67% dos entrevistados apontam que o cenário não deve mudar nos próximos seis meses, enquanto 25% acreditam que o processo de recrutamento ficará ainda mais desafiador, o que representa um aumento de 5 p.p. na comparação com a última edição do ICRH, lançada em setembro.
Outro sinal de alerta são os desafios relacionados à retenção de talentos. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os desligamentos a pedido do colaborador corresponderam a 40% do total de demissões do terceiro trimestre de 2023. Os níveis de desemprego próximos dos 3% oferecem mais protagonismo para os profissionais em suas relações de trabalho, o que justifica o volume considerável de demissões a pedido dos trabalhadores.
Nesse contexto, o levantamento avalia a hipótese de que, por um lado, tem acontecido um aumento da procura dos profissionais por novos desafios ou, no sentido contrário, as desistências estariam relacionadas com a insatisfação no trabalho por questões como saúde mental e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Taxa de desemprego cai mais uma vez
Em outra análise, os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostram um nível de desocupação dos profissionais qualificados (a partir dos 25 anos e com graduação completa) de 3,3% no terceiro trimestre de 2023. No comparativo com o mesmo período do ano anterior, a taxa está 0,5 p.p. mais baixa, além de 0,2 p.p. menor do que a registrada no último ICRH. Para efeito de comparação, a porcentagem de desemprego da população geral, que inclui a categoria dos profissionais qualificados, foi de 7,7% no período analisado.
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“Ao longo de 2023, observamos consecutivas quedas nas taxas de desemprego, principalmente entre os profissionais qualificados. Durante os primeiros trimestres do ano, surpresas positivas, como o crescimento econômico acima do esperado e a diminuição dos juros, contribuíram com esses números e aumentaram a demanda por trabalhadores, cada vez mais disputados”, explica o diretor-geral da Robert Half para a América do Sul, Fernando Mantovani.
Expectativas para 2024
Apesar dos desafios observados para recrutamento de profissionais qualificados e retenção de talentos, o mercado de trabalho brasileiro demonstrou resiliência ao longo de 2023. Mantovani ressalta que, para o próximo ano, a palavra de ordem deve ser planejamento, tanto para empresas quanto para profissionais.
“Dos profissionais, o cenário exige uma postura de constante aprimoramento. Em um mercado onde a competição por talentos é acirrada, investir em qualificação, atualização constante e habilidades diferenciadas é essencial. Às empresas, recomendo a revisão de processos para identificação de melhorias, a definição de metas transparentes e mensuráveis, além da busca constante por uma cultura de inovação e aprendizado”, destaca o diretor-geral.