Banco Central melhora projeção de crescimento do PIB para 1,9% em 2024

Banco alerta que inflação cheia e média dos núcleos de inflação aumentaram

28 de março de 2024 às 10h56
Atualizada em 28 de março de 2024 às 11h51

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Crédito: Reuters/ Amanda Perobelli

Brasília – O Banco Central (BC) melhorou sua projeção de crescimento econômico em 2024 a 1,9%, contra patamar de 1,7% estimado em dezembro, conforme Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira (28), que também apresentou alertas sobre a evolução da inflação.

“A revisão moderada reflete, principalmente, dinamismo levemente maior que o esperado da economia no início do ano, como sugerem os indicadores disponíveis”, disse a autoridade monetária.

A previsão do BC está próxima à do mercado, que estima um crescimento de 1,85% da economia em 2024, segundo a pesquisa Focus mais recente. O Ministério da Fazenda, por sua vez, prevê expansão de 2,2% este ano, mas o chefe da pasta, ministro Fernando Haddad, já afirmou que a estimativa deve ser revisada para ao menos 2,5%.

No documento, o BC afirmou esperar que o crescimento deste ano tenha menor contribuição dos setores menos cíclicos, especialmente a agropecuária e a indústria extrativa, vendo também menor crescimento do consumo das famílias, com menor impulso de transferências governamentais.

Para a autarquia, o setor externo deve ter contribuição líquida negativa para o PIB, com aumento das importações e menor crescimento das exportações. Por outro lado, os investimentos devem voltar a crescer, com apoio de condições monetárias menos restritivas.

Inflação

No relatório, o BC disse que a inflação cheia e a média dos núcleos de inflação aumentaram para patamares que superam a meta de inflação.

“Essa surpresa de alta se deveu aos segmentos de preços administrados e alimentação no domicílio”, afirmou, destacando que houve surpresa para cima no componente subjacente (que exclui itens voláteis) do segmento de serviços.

De acordo com a autoridade monetária, foi mantida em 19% a probabilidade de a inflação ultrapassar os limites do intervalo de tolerância da meta neste ano.

“Como as projeções são superiores à meta, as probabilidades de ultrapassar o limite superior são maiores do que as de ultrapassar o limite inferior”, afirmou.

A meta de inflação para este ano é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.

Em relação à política monetária, o BC reiterou mensagem da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de que sua diretoria antevê novo corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros na próxima reunião, em maio.

Aumento de impostos é razão para inflação acima da meta

Aumentos de impostos promovidos no ano passado deram a principal contribuição para que a inflação ficasse acima da meta em 2023, apontou nesta quinta-feira o Banco Central, em seu Relatório Trimestral de Inflação.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o ano passado em 4,62%, 1,37 ponto percentual acima da meta de 3,25%, mas dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.

No relatório, o BC decompôs os principais fatores que influenciaram a alta de preços e concluiu que medidas tributárias, principalmente a reoneração dos impostos federais e o aumento do ICMS (estadual) sobre combustíveis, foram os fatores que apresentaram a principal contribuição para o desvio da inflação em relação à meta, de 1,26 ponto percentual.

Um dos eixos econômicos do governo Luiz Inácio Lula da Silva prevê a recuperação da base fiscal da União, o que inclui recomposição da coleta de tributos e a criação de novas cobranças no que a atual gestão trata como correção de distorções, como taxações sobre contribuintes de alta renda.

Governos estaduais também têm reajustado alíquotas de tributos, que haviam sido cortadas por conta de medidas articuladas durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, com governadores alegando riscos à saúde financeira dos entes.

Apesar da constatação apresentada pela autoridade monetária, membros da diretoria do BC elogiaram ao longo do ano passado o esforço do governo para recompor a base de arrecadação e estabilizar a trajetória do endividamento público.

De acordo com o BC, também contribuíram para a alta da inflação em 2023, em menor magnitude, as expectativas para a evolução dos preços à frente (+0,69 ponto percentual) e a inércia da inflação do ano anterior (+0,61 ponto percentual).

Em sentido contrário, a chamada inflação importada, que inclui preços de commodities e variação cambial, contribuiu para uma redução de preços (-0,91 ponto). Também houve influência da ociosidade da economia (-0,37 ponto).

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