Preço do leite aumenta 1% mas a tendência é de retração em maio

5 de maio de 2020 às 0h10

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O preço do leite no Estado deve cair com as dificuldades de comercialização | Crédito: Divulgação

Em abril, referente à produção de leite entregue em março, foi verificada alta de 1,03% nos preços pagos pelo leite em Minas Gerais. A valorização do produto vem ocorrendo desde janeiro e é estimulada pela oferta ajustada à demanda.

De acordo com os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o aumento na cotação ainda não reflete o impacto do novo coronavírus no campo, uma vez que o isolamento social ganhou força em meados de março e deve provocar recuos na cotação.

Devido às dificuldades impostas para o controle do vírus, produtores de Minas Gerais estão enfrentando problemas de comercialização de leite e derivados, por isso, segundo o Cepea, a tendência é de queda dos preços.

No Estado, o preço médio do leite spot caiu 7,3% na primeira quinzena de abril e 11,7% na segunda quinzena do mês, o que impactará de forma negativa os preços a serem pagos aos pecuaristas em maio. O comprometimento da renda da população e as incertezas em relação ao mercado são fatores que justificam a tendência de queda.

No Estado, em abril, o litro de leite foi negociado, em média líquida, a R$ 1,46, o que representa um avanço de 1,03% frente ao valor praticado em março. Na média líquida nacional, o valor do leite pago ao produtor em abril registrou ligeira alta de 0,97% frente ao mês anterior, chegando a R$ 1,45 por litro.

Os pesquisadores do Cepea explicam que os preços recebidos pelos pecuaristas de leite em abril, referente à produção entregue em março, não refletiram de forma expressiva os impactos provocados pelo coronavírus, o que deve ser registrado no próximo pagamento. Dessa forma, a manutenção da valorização dos preços do leite no campo ocorreu devido à concorrência entre laticínios para garantir a compra de matéria-prima em março, já que a oferta de leite no campo seguiu limitada.

O Índice de Captação Leiteira (Icap-L) do Cepea registrou nova queda de fevereiro para março, de 4,3% na média Brasil, e acumula baixa de 11,5% neste ano. O recuo na captação em março se deve ao clima menos favorável à atividade, com destaque para a estiagem no Sul do País.

De acordo com os pesquisadores do Cepea, em função da diminuição da oferta no campo, o leite spot (negociado entre indústrias) registrou alta nos preços nas duas quinzenas de março, com a média sendo 5% superior à de fevereiro em Minas Gerais.

A partir da segunda quinzena de março, devido ao isolamento imposto para o controle do novo coronavírus, houve uma forte demanda pelo leite UHT. Redes atacadistas e varejistas intensificaram a procura pelo derivado, diante da forte demanda de clientes, que queriam fazer estoques.

Com a menor disponibilidade do produto, o preço médio do UHT registrou forte alta acumulada de 24,8% no mês, na média nacional. A média mensal de março, de R$ 2,66 por litro, ficou 11,4% acima da registrada em fevereiro, em termos reais.

Lácteos em baixa – Por outro lado, com fechamento de redes de serviço e alimentação, o consumo de lácteos refrigerados, como queijos, foi muito prejudicado.
Em Minas Gerais, segundo o Cepea, os pecuaristas têm encontrado dificuldade em escoar a produção, principalmente de queijos, o que levou ao aumento do volume de leite disponível no mercado spot em abril.

Devido a maior oferta, em Minas Gerais o preço médio do leite spot caiu 7,3% na primeira e 11,7% na segunda quinzena de abril.

Outro impacto negativo provocado pela pandemia é a queda da renda da população, uma vez que várias atividades econômicas foram suspensas. Com isso, a demanda por produtos lácteos caiu, o que deve prejudicar ainda mais o pagamento do produtor em maio, referente à produção entregue em abril.

Conforme os pesquisadores do Cepea, a elevada incerteza da atual conjuntura tem impactado a decisão do mercado em recompor estoques, isso porque não há boas perspectivas para o consumo de lácteos no longo prazo, devido à diminuição da renda da população.

“É preciso considerar, contudo, que a queda na receita dos produtores em um momento de alta nos custos de produção e próximo ao período típico de entressafra pode refletir em aumento do abate de fêmeas e na saída de produtores da atividade leiteira. Assim, o momento é delicado, pois privilegia decisões focadas no curto prazo, o que pode trazer consequências negativas para a oferta no médio e longo prazos – ainda mais para uma atividade tão complexa quanto a produção de leite”, ressaltaram os pesquisadores do Cepea no relatório.

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