Preço da arroba do boi gordo registra elevação de 56,25% em Minas

9 de setembro de 2020 às 0h10

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Com a valorização nas cotações da soja e do milho, a ração bovina ficou 50% mais cara | Crédito: Divulgação

A abertura de novos mercados, a demanda firme, principalmente, vinda da China, e a oferta restrita estão sustentando os preços da arroba do boi gordo em patamares elevados e garantindo uma margem de lucro para a atividade.

O aumento do valor recebido pela arroba tem sido fundamental para os pecuaristas, que também enfrentam aumentos relevantes nos custos de produção, principalmente, devido à valorização da soja e do milho, insumos da ração bovina, que subiu cerca de 50%. Em Minas Gerais, a arroba do bovino está em torno de R$ 235, alta de 56,25% frente igual período do ano passado.

De acordo com o presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Weber Bernardes, o mercado para carne bovina está aquecido e a estimativa é que a demanda continue em alta.

“A abertura de novos mercados e a exportação de carne bovina para a China têm contribuído para a valorização da arroba tanto do boi quando das vacas. Estamos com um desempenho muito favorável nos embarques”, explicou Bernardes.

Segundo dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), entre janeiro e julho, Minas Gerais exportou 100,1 mil toneladas de carne bovina, alta de 8,5% frente a igual período do ano passado. Em receita, a elevação foi de 14,7%, com a movimentação de US$ 431,4 milhões.

Com a demanda em alta, a arroba tanto do boi quanto da vaca, para animais bem terminados, está em torno de R$ 235 em Minas Gerais. O valor supera 56,25% o praticado em igual período do ano passado, quando o volume era negociado em média a R$ 160.

“O preço da arroba está em alta e o mercado muito firme, porém, hoje, isso não significa que o produtor está ganhando muito. Os principais insumos da atividade, o milho e a soja, que compõem a ração bovina estão com preços bem altos, isso reduz a rentabilidade. O produtor está sendo renumerado, mas não tanto”, disse.

Ainda segundo Bernardes, com a desvalorização do real frente ao dólar, as exportações de milho e soja também foram estimuladas, o que acabou elevando a cotação no mercado interno.

Para se ter ideia, o preço da soja – saca de 60 quilos – passou de R$ 78, em agosto de 2019, para R$ 115 no fechamento do mesmo mês em 2020. O milho, no mesmo período subiu de R$ 30 a saca de 60 quilos, para R$ 45.

Com o aumento dos principais grãos, os custos com a ração bovina foram um dos mais afetados. Bernardes explica que a saca de 40 quilos de ração que antes custava em torno de R$ 40, subiu para cerca de R$ 70.

Oferta restrita – A zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria, Thayná Drugowick de Andrade, explica que a oferta restrita de animais tem acirrado a disputa pela compra dos bovinos, o que vem sustentando os valores.

A menor oferta é resultado do cenário do início do confinamento, quando os efeitos da pandemia eram mais severos e os preços do boi gordo no mercado futuro não estavam tão atraentes, o que desestimulou os pecuaristas.

“Nos últimos dias, temos observado altas nos preços da arroba em praticamente todas as praças. Minas Gerais segue com preços firmes. Nesta primeira quinzena, quando se concentra o pagamento de salários e auxílios, a demanda segue ainda mais aquecida e a oferta limitada, contribuindo para novas valorizações. A tendência é que o mercado siga firme, mesmo com a entrada de mais um giro de animais de confinamento. Pode haver alguma estabilidade de preços, mas não há nenhum fator que sinalize uma reversão do cenário”, disse Thayná.

Exportações de carne têm alta de 12%

São Paulo – As exportações brasileiras de carne bovina aumentaram 12% no acumulado do ano até agosto, para cerca de 1,3 milhão de toneladas, com impulso de importações pela China, que elevou em 65,8% as compras no mesmo período, informou ontem a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).

Os chineses, que ampliaram compras diante da redução da oferta de proteína animal por impactos da peste suína africana em seu plantel, responderam por 62,4% de toda a carne bovina exportada pelos brasileiros no ano até agosto, segundo a Abrafrigo, com base em dados do governo brasileiro.

O cálculo leva em consideração o produto que entra pela China continental (530.458 toneladas) e pela cidade Estado de Hong Kong (212.261 toneladas), disse a associação em nota.

Depois da China, o segundo maior cliente do Brasil foi o Egito, com a importação de 91.529 toneladas de janeiro a agosto, queda de 25,4% na comparação anual.

O Chile veio na terceira posição com 50.360 toneladas adquiridas (-34,2%), enquanto a Rússia ficou com a quarta posição com 43.177 toneladas (-4,6%).

Na quinta posição estão os Estados Unidos, que elevaram suas compras em quase 40%, para 34.502 toneladas. Na sexta posição, as Filipinas, com 25.660 toneladas (+23,4%), e, na sétima, os Emirados Árabes, com 25.595 (-58,2%).

A Abrafrigo citou ainda que o Brasil registrou, em agosto, novo recorde de exportações para o mês, com um total de 191.141 toneladas de carne (in natura e processada), com a China levando 108 mil toneladas.

A receita em agosto alcançou US$ 753,2 milhões, alta de 19% em relação ao mesmo mês de 2019. No ano, o faturamento atingiu US$ 5,4 bilhões, crescimento de 23%. (Reuters)

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