“Novo normal” surgirá pós-pandemia

17 de abril de 2020 às 0h14

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Para Carlo Linkevieius, surgirão redes multilaterais | Crédito: Genilton Elias

O conceito de sustentabilidade foi cunhado pela primeira vez em 1972, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Unche – sigla em inglês), em Estocolmo, na Suécia.

Talvez ele tenha agora, 48 anos depois, durante a maior crise sanitária e econômica vivida pela humanidade nos últimos 100 anos, a sua melhor chance de ser compreendido e realmente adotado de forma sistêmica por governos e empresas.

Compreendida sobre os seus três pilares: ambiental, social e econômico; a sustentabilidade pode ser a chave para que as empresas sobrevivam à crise desencadeada pelo novo coronavírus desde o fim do ano passado e se preparem para um “novo normal” que surgirá passada a pandemia.

Para o fundador da NHK Sustentabilidade e da Escola de Formação Empreendedora IDEE, Rafael Tello, que participou da webinar promovida pelo Sistema Ocemg em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), com o tema “A trajetória da humanidade: porque chegamos aqui e para onde vamos”, a sustentabilidade pode ensinar muito aos empresários a enfrentar essa crise. Desde a década de 1970, os estudiosos do tema lidam com desafios exponenciais, a exemplo do que acontece agora com a dinâmica de expansão do Covid-19.

Um dos grandes desafios dessa crise é que não sabemos lidar com o avanço exponencial da doença. Isso não é novo. No início do século passado o vírus da influenza se comportava da mesma forma.

“O problema é a nossa capacidade limitada de lidar com algo que cresce exponencialmente. Na sustentabilidade lidamos com esse tipo de desafio cotidianamente. Se observarmos os gráficos de crescimento demográfico das grandes cidades, consumo de energia, nível de ocupação do solo, aumento da poluição, vamos perceber que todos passam a crescer exponencialmente na mesma época, nos anos de 1950. Todos os fatores de risco ao planeta crescem exponencialmente em paralelo, uns influenciados pelos outros”, explicou Tello.

Para ele, além da velocidade de expansão da pandemia, outros dois pontos principais podem buscar na sustentabilidade lições importantes: a ameaça de retrocessos e a falta de lideranças capacitadas. A pergunta a ser feita é “qual o nosso limite?” E a resposta é “o planeta”. É certo que na crise atual alguns impactos vão extrapolar os limites do planeta e vão levar ao colapso das estruturas que temos até agora.

“Enfrentamos muitos retrocessos. A nossa sociedade evolui sustentada em pilares que permitirá o aumento da prosperidade das pessoas e a melhoria da qualidade de vida em vários aspectos. Vemos que quando lideranças que questionam as ciências, a democracia, o papel das organizações do sistema produtivo, isso acaba aumentando essa fogueira que já estava pronta para queimar. Isso já se apresentava no horizonte. Ao mesmo tempo, porém, o Fórum Econômico de Davos foi um evento emblemático quando um dos maiores fundos globais avisa que vai mudar o seu modo de investir. Também quando a Microsoft vai compensar as suas emissões, inclusive as passadas, isso é emblemático”, pontuou o fundador da NHK Sustentabilidade.

Participando do mesmo evento, o diretor executivo da rede Brasil para o Pacto Global, Carlo Linkevieius, afirmou que a maior transformação que o mundo pode passar por causa dessa crise é a descentralização do poder, com o surgimento de redes multilaterais.

“Hoje estamos vinculados a cadeias de valores. O mundo tem uma interdependência muito grande. Vimos a velocidade com que estamos sendo acometidos pelo Covid-19. Uma coisa bastante importante – positiva – a volta da crença na ciência. Isso é fundamental. E também a necessidade de um multilateralismo. Precisamos pensar de maneira conjunta com os países em todas as esferas: poder público, privado e organização civil. O mercado financeiro já viu que o risco é grande e vai exigir das empresas apoiadas transparência e integridade. A carta dos CEOs norte-americanos em 2019 mostra isso. A crise deve acelerar esse processo de lideranças responsáveis”, avaliou Linkevieius.

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