Resenha de opiniões

12 de dezembro de 2020 às 0h08

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Crédito: Freepik

Cesar Vanucci*

“Na economia o País se arrasta numa recessão”. (Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República)

  • Agonias. “Quase ao chegar ao final do ano em curso, as agonias aumentaram. Na economia, o País se arrasta numa recessão, há já algum tempo, que foi agravada pela pandemia causada pelo novo coronavírus. Tudo naturalmente aumentou pela desconfiança no governo federal: faltam a ele as qualidades necessárias não só para agir com rapidez, mas mesmo para agir. Não vou relembrar, por ocioso, mas a ‘gripezinha’ virou morte para milhares de pessoas; o descaso chegou a tanto que, na área da Saúde, os ministros se sucedem, e os erros não cessam: falta muita coisa, mas chama a atenção a imprevisibilidade, o desconhecimento é substituído por palpites em grande quantidade. No auge da pandemia, quando liderança, informação verídica e respeito à ciência salvam vidas, o governo federal persiste no negacionismo, na politização e no desprezo ao conhecimento. Isto, que já seria grave em tempos normais, chega às raias do absurdo diante da ameaça que pesa sobre nosso povo”. (Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República)
  • Vacina. “A melhor notícia que a humanidade recebeu, nos últimos dez meses, foi o anúncio de que o governo do Reino Unido começa a vacinar a população britânica a partir desta semana. Boris Johnson não é exatamente o melhor chefe de governo em cartaz, mas pelo menos tem demonstrado alguma grandeza quando se trata de combater a maior crise sanitária da história. Tem feito o que é preciso. Decreta lockdown, estabelece regras de flexibilização, restringe um pouco mais ou um pouco menos a vida do cidadão de seu país de acordo com os números da pandemia. É isso que falta no Brasil. Alguma, nem que seja mínima, grandeza em Brasília”. (Artur Xexéo, jornalista)
  • Governante e inflação. “Jair Bolsonaro é o pior presidente que poderíamos ter para nos guiar na travessia desta tempestade sem precedentes. Ele sempre foi menor do que a cadeira que ocupa, mas agora revela em cada ato, palavra e decisão que conspira contra a saúde da população. Não é uma questão de gostar ou não do governante. A análise objetiva leva à conclusão de que ele hoje é um obstáculo a que o País supere a turbulência, minimizando perdas humanas e econômicas (…)”.

“A inflação subiu em má hora e voltou a preocupar. O País ainda vive o pior da recessão no mercado de trabalho, mesmo que tenha atenuado parte de seus efeitos com as políticas de governo e o auxílio emergencial. Os preços sobem nos produtos que os pobres mais consomem. Os índices do atacado dispararam, criando um problema de mercado de imóveis alugados que só será superado com muita negociação. A inflação acelera num momento de dúvidas sobre os juros futuros. De um lado, a economia precisa de estímulos, de outro, os sinais confusos do governo na área fiscal pressionam o custo da dívida. O IPCA está baixo, mas a natureza desta inflação, a hora em que ocorrem o peso sobre os alimentos, tudo isso se tornou um complicador”. (Miriam Leitão, jornalista)

  • Política econômica. “Aqui estamos imobilizados pelo teto de gastos. Na Europa, Estados Unidos e China, BCs e Tesouros salvam as economias da catástrofe (…)”. “Enquanto os brazucas da equipe econômica estão imobilizados sob o teto de gastos, o mundo se move, diria Galileu Galilei. Epur si move: ouço e leio com interesse as análises que tratam das ações dos Bancos Centrais e dos Tesouros Nacionais mundo afora. Descontadas as proezas do People’s Bank of China, sempre recorrentes em suas novidades, devo registrar as ousadias do Federal Reserve e do Banco Central Europeu.

A revista The Economist rasga encômios ao Banco Central Europeu, agora comandado por Cristine Lagarde, ex-diretora-gerente do FMI. Descolada de seu renitente conservadorismo liberal, a revista escreve: ‘Lagarde e o Banco Central Europeu tiveram um ano decente. O banco tem agido de forma decisiva, evitando os erros da crise financeira de 2007-2009 e os problemas da dívida soberana (dos periféricos europeus) de 2010-2012. Desde o início do ano, injetou estímulos de 2,2 trilhões de euros na economia. Em contraste com a austeridade de uma década atrás, a política fiscal age em conjunto com a flexibilização monetária no âmbito da União Europeia. A nova oportunidade de coordenar a política monetária e os gastos do governo é um dos pontos fortes da senhora Lagarde’. Prossegue The Economist: ‘… a vontade de Lagarde de se aventurar em áreas que a maioria dos banqueiros centrais considera terreno político causa alguma controvérsia entre os especialistas’. Sempre reverencialmente invocados pela imprensa brasileira, os ‘especialistas do mercado’ desconfiam das relações mais intensas entre as ações do BCE e as manobras fiscais dos Tesouros Nacionais”. (Luiz Gonzaga Belluzzo, economista)

*Jornalista ([email protected])

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