Embraer atrai interesse de estrangeiros após desistência da Boeing

30 de maio de 2020 às 0h13

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Crédito: Roosevelt Cassio/Reuters

São Paulo/Nova Delhi/Paris – Fabricantes estrangeiros de aviões estão rondando a Embraer semanas após a Boeing abandonar os planos para uma combinação histórica na aviação comercial, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

A chinesa Comac sinalizou interesse em cooperação com a unidade comercial da terceira maior fabricante de jatos do mundo, disseram duas pessoas. A Irkut, da Rússia, também estudou o caso, disseram outras duas, apesar de a empresa negar interesse na Embraer.

A Índia, outra potência aeroespacial em ascensão focada principalmente na defesa, mas com um enorme mercado civil, também sinalizou interesse ao estudar o assunto, disseram fontes.

Isso coloca o destino da Embraer no centro do chamado grupo de nações do Bric, com cada um exibindo seus palpites, enquanto gigantes ocidentais Airbus e Boeing se recuperam da crise do coronavírus.

A Comac e o ministério da aviação civil da Índia não responderam aos pedidos de comentários. Uma porta-voz da Irkut negou qualquer interesse ou conversa sobre a Embraer. A Embraer não comentou.

A Comac e a Irkut estão desenvolvendo aeronaves para competir diretamente com a Airbus e a Boeing no movimentado mercado de até 150 assentos. Os planos da China são vistos como os mais avançados.

Um acordo com a Embraer agregaria experiência em engenharia e suporte global, mas também entraria em conflito com jatos regionais menores e comercialmente menos bem-sucedidos desenvolvidos pelos dois países.

Uma fonte da indústria russa disse que a controladora da Irkut, a Rostec, está se concentrando nos programas existentes MS-21 e Superjet.

Embora tenha investido pesadamente em peças e manutenção, a Índia é o pretendente menos visível no setor aeroespacial comercial, sem outro projeto ativo de uma aeronave de 14 lugares chamada Saras.

Mas existe um requisito potencial para o desenvolvimento de um jato regional de 80 a 90 lugares – uma categoria ocupada pela Embraer – para o projeto Udan, assinado pelo primeiro-ministro Narendra Modi, para expandir os serviços aéreos para pequenas cidades.

R.K. Tyagi, ex-presidente da Hindustan Aeronautics, estatal, disse que escreveu ao governo pedindo que ele se movesse rapidamente.

“Qualquer país com ambições analisará isso. Sinto que essa é uma boa oportunidade. O preço (valuation) está baixo e se conseguirmos o controle de um programa de aeronaves moderno e comprovado, será um grande salto”.

Funcionários do governo Modi e um grupo de estudo do governo estão juntando uma nota, mas nenhuma representação formal foi feita no Brasil até agora, disse um funcionário ciente dos planos.

Avaliação – Um alto executivo da Embraer disse à Aviation Week, em 1º de maio, que não havia iniciado conversações com ninguém, mas que não podia “legislar para as chamadas de entrada que poderiam vir”.

A Embraer disse que considerará os próximos passos com cuidado. Uma das principais dores de cabeça é o seu valor de mercado, que caiu 64% este ano, abaixo do desempenho do setor de aviação atingido pela crise.

A Embraer relutará em vender muito barato em um mercado deprimido pelo coronavírus, mas suas opções são limitadas, embora seja o único fabricante em larga escala disponível, disse Richard Aboulafia, analista do Teal Group. (Reuters)

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