Uberaba soma R$ 5,486 bilhões de investimentos em três anos

Uberaba, no Triângulo Mineiro, acumula aportes privados de mais de R$ 5,486 bilhões, por meio da atração e/ou expansão de 106 empresas nos últimos três anos, culminando com a criação de 8,6 mil empregos. Apenas em 2023 foram 58 protocolos assinados com a prefeitura, totalizando R$ 4,639 bilhões em investimentos e 3,4 mil postos de trabalho.

O maior destaque dentre as inversões está o projeto da Atlas Agro, empresa de fertilizantes nitrogenados, que vai investir cerca de R$ 5 bilhões na cidade para a instalação da primeira fábrica verde do tipo no Hemisfério Sul. É, aliás, o maior da história do município. E, além de ampliar significativamente o volume de inversões em Uberaba, a negociação com a companhia suíça deu fim a um imbróglio importante que a cidade lidava há anos: a destinação da área que seria utilizada para a construção da famosa planta de amônia da Petrobras – um dos poucos investimentos da petroleira em Minas Gerais, mas que acabou sendo suspenso em 2015.

O projeto foi batizado, à época, de Unidade de Fertilizantes Nitrogenados V (UFN-V), teve os trabalhos iniciados em 2014, que foram suspensos um ano depois, com cerca de 30% de execução mediante custo superior a R$ 1 bilhão. O projeto total previa inversões de mais de R$ 2 bilhões.

E depois de várias tentativas das gestões atual e passada da cidade, enfim, em meados de 2022 foi anunciada a destinação da área para a implementação da unidade da Atlas Agro.

Segundo a prefeita Elisa Araújo (Solidariedade), uma comitiva liderada pela multinacional visitou o município no fim do ano passado. Na ocasião, os empresários e executivos estrangeiros puderam conhecer um pouco mais sobre o projeto. Segundo ela, as empresas foram convidadas para conhecer o terreno onde será construída a planta, no Distrito Industrial III, que abrange mais de 1 milhão de metros quadrados. A visita técnica contou com a presença de cerca de 25 profissionais, de 11 empresas de origens brasileira, europeia e asiática.

A Atlas também já iniciou o processo de seleção de fornecedores (bidding) com diversas empresas nacionais e internacionais para as etapas de estudo básico e desenho do projeto de engenharia (feed), além de definir os parâmetros para um contrato de construção.

“O cronograma que nos foi apresentado pela empresa diz que a preparação do local para início das obras vai ocorrer no quarto trimestre deste ano. A área da extinta planta de amônia será usada em sua totalidade pela Atlas, mas vale pontuar que o DI III também concentra produtores e vários distribuidores de fertilizantes para a região e a empresa deve atrair outras fornecedoras e consumidoras para o município”, diz.

O projeto promete a criação de cerca de 3 mil empregos durante a construção e, 180 empregos diretos e 360 indiretos, na fase de operação, que deve ocorrer a partir de 2028.

Outros investimentos em Uberaba

Mas a prefeita também cita outros investimentos anunciados no ano passado: CCM e CMAA, ambas empresas já instaladas na cidade, que se encontram em processo de expansão. A CCM Indústria e Comércio de Produtos Descartáveis assinou o protocolo de intenção para expansão da fábrica, com investimentos de R$ 100 milhões e a geração de cerca de 150 empregos diretos e 450 indiretos, quando em operação.

Já a empresa Ituiutaba Energia Renovável, do Grupo CMAA, assinou o protocolo de intenção para área na Zona de Processamento de Exportação (ZPE). O investimento é de R$ 100 milhões e consiste na implantação de um projeto de processamento de dados chamado VerdeTech. A estimativa é de que sejam gerados 100 empregos.

“E iniciamos 2024 com o anúncio de R$ 30 milhões por parte da Agronelli, cujo termo de compromisso foi assinado em janeiro de 2024. O processo de incentivo também já foi aprovado pelo Comdesu (Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social de Uberaba). A empresa prevê que o projeto total atinja R$ 100 milhões e os investimentos consistem na implantação de uma nova planta industrial de laticínios”, destaca.

Elisa Araújo

Sobre as cifras aguardadas para este exercício, a líder do Executivo uberabense disse ainda não ser possível mensurar, mas revelou que consultas para instalação na cidade são realizadas diariamente e que a expectativa é que o fluxo dos anos anteriores seja mantido. Neste sentido, destaca-se que em 2022, foram 16 empresas incentivadas, totalizando R$ 94,812 milhões em investimentos no município, gerando 1.571 empregos. Já em 2021, foram 32 empresas incentivadas, o que somou R$ 752,2 milhões em investimentos, gerando 3.602 vagas.

Imbróglio da ZPE de Uberaba

Sobre a ZPE, vale lembrar que se trata de um imbróglio que, diferentemente da planta de amônia, a cidade ainda não conseguiu resolver. Questionada sobre as próximas etapas previstas para a área alfandegada neste exercício, a prefeita afirmou que o início das operações é um dos grandes objetivos da prefeitura. E que para isso, sua equipe segue em tratativa estreita com todos os atores envolvidos, desde empresas até o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) e a Receita Federal.

“As obras de infraestrutura estão na fase final e devem ser concluídas em fevereiro. Após isso será necessário o aval do CZPE (Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação)- órgão deliberativo da estrutura do Mdic – e da Receita Federal. E lembro que três empresas já assinaram o Protocolo de Intenção junto ao Executivo municipal e agora aguardam a análise do Conselho. Uma delas é a Ituiutaba Energia Renovável, do Grupo CMAA, e as outras duas são uberabenses, já atuam na cidade, sendo uma do ramo de móveis e a outra de urnas funerárias”, explica.

Projeto da Atlas Agro em Uberaba

Nas próximas semanas, a Atlas Agro deve anunciar o resultado da seleção de fornecedores (bidding) para a planta industrial de Uberaba. Conforme o diretor de Operações da empresa, Rodrigo Santana, dois consórcios – com empresas internacionais e nacionais – foram selecionados.

A partir daí, terá início o processo de engenharia da fábrica que, devido à complexidade do projeto, deverá durar entre 12 a 15 meses. “Vão ser várias fases. A inicial, que começaremos nas próximas semanas, vai durar três meses e depois, automaticamente, entraremos na fase 2, que é mais robusta. E nesta etapa já teremos o investimento de alguns milhões de dólares”, revela sem maiores detalhes.

Depois disso, no fim deste ano já deverá haver algum trabalho no terreno e a partir de 2025 começam, de fato, as obras. E então, serão entre 36 e 45 meses para levantar toda a estrutura, com início da produção em 2028.

“Estamos falando de uma planta química. Isso, por si só, já impõe um nível de complexidade grande ao projeto. Essas etapas preliminares são necessárias, incluindo uma engenharia detalhada. Para se ter uma ideia, serão quase 300 engenheiros trabalhando nestas fases”, explica.

E sobre a criação de um cinturão de fornecedores, Santana avalia que há um grande potencial de diferentes lados: do fornecimento de matéria-prima e serviços e de outros integrantes da cadeia de fertilizantes, incluindo distribuidores.

“Vamos ter em Uberaba um grande produtor de fertilizantes nitrogenados. A região já conta com um polo considerável de distribuidores de fertilizantes, mas como a produção vai ser ampliada, esse polo também pode crescer e atrair novos players. Além disso, também poderemos ter outras empresas de fertilizantes produzindo outros químicos para fazer a mistura e, claro, as etapas de construção e operação da unidade. Neste quesito, empresas de todo o Triângulo terão oportunidades de fornecer mão de obra e insumos civil, elétrico, entre outros”, garante.