Aniversário de Van Gogh é celebrado por Carlos Bracher

30 de março de 2021 às 0h15

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Crédito: Edmar Luciano

Em 1990, ano do centenário de morte de Vincent Van Gogh (1853–1890), o artista mineiro Carlos Bracher se lançou naquela que seria uma das maiores experiências de sua carreira. Ao lado de sua companheira, a artista Fani Bracher, passou um mês percorrendo cidades em que o pintor holandês morou, na Europa, para criar uma série de seis quadros em homenagem ao artista. De volta ao Brasil, inspirado por tudo o que viu e viveu, Bracher deu vida a uma coleção de cem obras.

Hoje, 30 de março, data de nascimento de Van Gogh, Bracher vai dividir com o público essa e outras curiosidades em uma live mediada pelo jornalista e crítico de arte Angelo Oswaldo de Araújo Santos. Antes do bate-papo, será exibido o documentário “Bracher/Van Gogh”. O evento começa às 19 horas, com transmissão ao vivo pelos canais oficiais do Ateliê Casa Bracher (YouTube, Instagram e Facebook).

Segundo Bracher, a ideia da série “Homenagem a Van Gogh” era um sonho de juventude e seria como um tributo de amor e gratidão ao artista. “Esse complexo trabalho consistiu em me defrontar com as três últimas cidades onde ele viveu na França: Arles, Saint Remy e Auvers-sur-Oise. Na verdade, esse era um sonho de quando era jovem, mas que guardei por 30 anos. Só aos 50 anos, me senti em condições de enfrentar”, confessa o pintor. Bracher conta que, após a viagem, retornou a Ouro Preto e deu início, então, a criação da extensa série, que durou seis meses.

Descrito por Bracher como “abissal e de total entrega”, todo o processo foi acompanhando pelas lentes do diretor Rodolfo Magalhães, dando origem ao documentário “Bracher/Van Gogh”. Com narração de Ítalo Rossi, o filme foi lançado em 1991. No mesmo ano, tamanha dedicação resultou ainda na publicação do livro “Bracher: Homenagem a Van Gogh” (editora Empresa das Artes), cuja entrevista foi conduzida à época por Angelo Oswaldo, convidado agora para conduzir o debate da live.

No texto de apresentação do livro, o escritor Affonso Romano de Sant’Anna atesta a relação entre os dois artistas. “Van Gogh foi para Arles, Saint Remy e Auver-sur-Oise; Gauguin para o Tahiti; Cézanne para Aix-en-Provence. Bracher, há décadas está refugiado em Ouro Preto, procurando o universal através da cor local. Essa sua necessidade de agora ir pisar o mesmo solo de Van Gogh, esse seu impulso de colocar os pés, as mãos, os olhos e telas no mesmo espaço do outro, é mais que uma homenagem, é um reencontro consigo através do outro”.

Para Bracher, a principal razão que torna Van Gogh um artista tão genial é a sua verdade. “Digo a verdade no sentido mais significativo do que possa existir. Van Gogh foi, definitivamente, o ser das contundências, do caos e das obsessões. Ele se lançava em tudo com a totalidade de suas emoções. E, portanto, de suas verdades. Até seu suicídio corrobora isso”, avalia. E completa “Desde meus primeiros anos de pintura tenho com Van Gogh uma relação mais que estética, de alma. Com ele tenho tido um interlúdio permanente do que seja a vida, a arte e a revelação dos estados profundos de minha existência. Mais que um mestre, ele é para mim o mito que me rege e conduz”.

Roteiro internacional – A série “Homenagem a Van Gogh” passou por cinco capitais do Brasil e sete países. A primeira exibição foi no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte. Depois, foi para o Rio de Janeiro, nas galerias Bonino e D’Bieler; em São Paulo, na galeria Sadalla; e em Curitiba, na galeria Simões de Assis. Na sequência, foi para um roteiro internacional, inicialmente na Holanda, no World Trade Center, de Rotterdam. Em seguida, Paris (Galerie Debret); Auvers-sur-Oise, onde Van Gogh está enterrado (Musée D’Aubigny); Londres (Whitney – Atrium Gallery); Pequim (Palácio Imperial da Cidade Proibida); Tóquio (Universidade das Nações Unidas); e Bogotá (Museo de Arte Moderno).

Em São Paulo, a exposição rendeu uma história curiosa. Um holandês que morava na capital paulista mandou o livro para o museu Van Gogh, na Holanda. Para surpresa de todos, J. Van Gogh, sobrinho neto de Van Gogh e presidente da Fundação Van Gogh, respondeu a carta agradecendo o envio e dizendo terem ficado felizes com a obra. Em um trecho, ele diz: “Vou pedir ao diretor do museu que inclua este livro na biblioteca”.

Tanto a carta quanto alguns quadros da série fazem parte do acervo pessoal de Bracher e, hoje, podem ser vistos pelo público na “Sala Van Gogh”, que faz parte do tour virtual do site Ateliê Casa Bracher.  As demais obras da série ou foram adquiridas por colecionadores ou passaram a fazer parte do acervo dos museus por onde a exposição passou.

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