Mercado avalia como positivo o acordo da Vale e Anglo American

Mineradora brasileira adquiriu 15% do complexo; ação promete benefícios mútuos

23 de fevereiro de 2024 às 5h15

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Para especialista, acordo que envolve complexo Minas-Rio e o depósito da Serra da Serpentina é um movimento estratégico | Crédito: Divulgação/Anglo-american

Especialistas do mercado financeiro avaliaram o acordo da Vale com a Anglo American sobre o complexo Minas-Rio e o depósito de Serra da Serpentina como um movimento estratégico que promete benefícios mútuos. Para eles, com a sinergia dos ativos e a expertise das empresas, a parceria tende a potencializar a produção de minério de ferro na região e diminuir custos. 

Nessa quinta-feira (22), a Vale anunciou que comprará 15% do empreendimento da Anglo American, que continuará responsável pela operação. A companhia pagará US$ 157,5 milhões pela fatia e fornecerá ao grupo britânico os minerais de Serra da Serpentina, projeto vizinho ao Minas-Rio. Após a conclusão do negócio, prevista para o quarto trimestre deste ano, a mineradora brasileira ainda terá opção de adquirir mais 15% do complexo, se ocorrerem eventos de expansão. 

Para o especialista e sócio da Valor Investimentos, Pedro Lang, se trata de uma transação equilibrada para os dois lados, em razão da proximidade entre os ativos. Na avaliação dele, a parceria possibilitará às empresas explorar sinergias e diminuir custos da extração do minério de ferro. Ele ainda reitera que as companhias esperam um aumento produtivo com o acordo. 

Já o sócio-diretor da Belo Investment Research, Paulino Oliveira, destaca que o cenário atual de baixa na taxa de juros no Brasil e início de um ciclo de queda no mundo desenvolvido é favorável para fusões e aquisições. Segundo ele, essas operações costumam ser interessantes quando há sinergia e ganhos de escopo de escala, o que ocorre no caso entre a Vale e a Anglo American, especialmente, no potencial logístico da brasileira para facilitar o escoamento da produção. 

Na análise do assessor na iHub Investimentos, Lucas Sharau, a mineradora britânica tem muito a ganhar ao receber o aporte, a logística e o know-how da Vale. Enquanto o grupo brasileiro, ao ceder os direitos de extração, terceiriza a operação e consegue participar dos lucros, elevar a capacidade produtiva e ter um menor custo operacional com um retorno mais expressivo. 

Outro a avaliar a negociação como excelente para ambas as empresas foi o advogado especializado em Governança Corporativa, Emanuel Pessoa. Para ele, o acordo, rigorosamente, é positivo para os dois lados porque as atividades da Minas-Rio são do tipo pellet feed, o que significa um minério de baixa impureza, com reduzida emissão de carbono, e maior valor agregado, ao passo que a Serra de Serpentina possui reservatórios imensos de ferro.

Parceria não resultará em sobrecarga da oferta de minério de ferro

O especialista e sócio da Valor Investimentos e o sócio-diretor da Belo Investment Research também avaliaram o acordo da Vale com a Anglo American do ponto de vista da oferta de minério de ferro. Eles analisam que, embora as perspectivas sejam de crescimento produtivo a partir do acordo entre as mineradoras, a parceria não vai resultar em uma sobrecarga no mercado. 

“A transação por si só não gera aumento de produção. Então, por consequência, a oferta não é tão elástica no curto prazo. O que a gente espera é que, pelo fato de existirem sinergias entre os dois ativos, em algum momento do curto e médio prazo, a produção possa subir, mas nada que vá aumentar substancialmente a oferta de minério de ferro mundial ou mesmo no Brasil”, diz Lang.  

“O nível de produção do Minas-Rio pode aumentar ou diminuir ao longo do tempo, mas não é uma mudança de grandes proporções. É uma operação que já está funcionando. Com relação ao minério de ferro, a maioria vai para exportação e para demanda global de aço, portanto, não vejo muito espaço para uma disrupção dentro do nível de oferta do mercado”, avalia Oliveira.

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