Chuvas de janeiro deixam recado: ESG é urgente

13 de janeiro de 2022 às 0h26

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Geneviève Poulingue | Foto: Fabio Alves / Agencia i7

Chuva, deslizamento, inundação, morte e calamidade. Apesar dos temporais de janeiro não serem novidade, seus impactos têm sido cada vez mais devastadores. Moro em Minas Gerais, estado maior que a França, meu país, há mais de cinco anos. Já vi tempestades afetarem vidas por aqui, mas este início de 2022 tem sido impactante. 

Fico sensibilizada com os estragos causados pelas chuvas neste começo de ano. Também me sensibiliza a tragédia que acometeu famílias em Capitólio. Reconheço o recado da natureza e respeito sua força. Entristeço porque tudo isso deixa sombria a perspectiva de 2022 para centenas de famílias mineiras. 

 Porém, passo algumas páginas dos jornais e encontro preciosidades. Pessoas ajudando nos resgates. Internautas arrecadando água e roupas, familiares e amigos acomodando os seus em suas casas. Impressionante a cena de um homem que entra na água para empurrar o carro onde estava presa uma mulher. Sei que é totalmente contrário às recomendações dos agentes de resgate profissionais. Porém, é tocante ver uma cena real de alguém que dá à vida do outro a mesma importância da sua. 

 Aliás, a solidariedade, o acolhimento e a resiliência desse povo das montanhas de Minas Gerais sempre me impressionaram. Só não podemos parar por aí. Reações da sociedade frente às tragédias. Precisamos manter ações solidárias organizadas e permanentes. Empresas e Poder Público devem estar comprometidos a fomentar o apoio. Ainda é pouco. Não resolve o problema.  E aí que entra o tão falado ESG, Environmental, Social and Corporate Governance.

 Democratizar práticas ambientais, sociais e de governança que norteiam as organizações é a única saída possível para a sobrevivência. Para ser ESG, uma empresa precisa ter iniciativas para proteger os recursos naturais, reduzir a emissão de poluentes e impactar positivamente o meio ambiente. Também é necessário ser engajada socialmente, o que engloba desde políticas de diversidade para o ambiente de trabalho até projetos para reduzir a desigualdade na sociedade. 

E o que isso tem a ver com as chuvas? A ESG nada mais é que a vivência consciente e decente dos negócios por meio da construção de um clima saudável para o mundo. Parte do descontrole hídrico que vivemos neste janeiro bem como a situação de crescimento desordenado das cidades têm a ver com o desequilíbrio ambiental que vivemos.

 Portanto, defendo que precisamos de ter várias frentes de atuação para encarar esse cenário de caos por causa das chuvas de modo produtivo

 – Situação emergencial – mobilização da sociedade, ações empresariais e de estado;

– Prevenção educativa – educação socioambiental na educação de base e formação de líderes contemporâneos comprometidos com a economia sustentável;

– Mudança de contexto – adoção de práticas e reestruturação de modelos de negócios mundiais por meio do comprometimento socioambiental. 

Nesse sentido, vejo em Minas uma enorme possibilidade de crescimento econômico com responsabilidade socioambiental. É preciso unir esforços, pois a discussão sobre governança socioambiental ainda é modesta e circula em grupos muito pequenos.  Contudo a pandemia, as chuvas descontroladas, as secas e demais eventos naturais não nos deixam opção. Do contrário, seguiremos lidando com crises e tragédias climáticas de maneira tristemente cíclica.

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