Conheça a recém-lançada Rota Turística do Café do Cerrado Mineiro

Rota do Café do Cerrado é lançada na Specialty Coffee Expo, nos EUA

17 de abril de 2024 às 5h00

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Na Fazenda Bela Vista, cerca de 90% da produção é de especial | Crédito: DIÁRIO DO COMÉRCIO / Michelle Valverde

Os cafés especiais, produzidos em Minas Gerais, têm conquistado cada vez mais os consumidores de todo o mundo. Por ser um bebida de alta qualidade e reunir características únicas de cada região produtora, também é crescente o interesse dos consumidores em conhecer os processos de produção. Assim, a Rota Turística do Café do Cerrado Mineiro veio atender a essa demanda. O roteiro alia turismo ao café de excelência da região, permitindo, então, que o consumidor conheça as histórias, as fazendas produtoras, o processo de torra e harmonizações com os melhores cafés.

A Rota do Café do Cerrado já está disponível para os turistas. O receptivo é da Coffee Roaster Porto Feliz, com sede em Patrocínio, na região do Cerrado. Através deles, os turistas escolhem todo o roteiro, formado, no momento, por quatro fazendas produtoras, uma torrefadora e uma cafeteria especializada. 

 

Café do Cerrado Rota do Café
Primeira cafeteria a integrar a rota é a Dulcerrado by Expocaccer, onde haverá degustações | Crédito: DIÁRIO DO COMÉRCIO / Michelle Valverde

O objetivo é atrair turistas de todo o mundo para que possam conhecer a produção cafeeira do Cerrado do campo à mesa. Na última semana, por exemplo, o governo de Minas Gerais, por meio da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), em parceria com o Centro Universitário UniBH, o Sebrae Minas e a Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocacer), lançaram o roteiro durante a SpecialtyCoffee Expo, uma das maiores feiras cafés do mundo, que aconteceu em Chicago, nos Estados Unidos. 

A Rota do Café do Cerrado Mineiro e também a Rota do Café do Sul de Minas foram apresentadas à imprensa especializada e operadores do mercado internacional. Conforme o governo de Minas Gerais, o objetivo é promover o turismo de experiência em fazendas de café, cafeterias, restaurantes de comidas típicas e atrativos turísticos nas duas regiões, proporcionando uma imersão do turista na cultura local e na mineiridade.

A cafeicultura do Cerrado como ela é

Conforme o presidente executivo na Expocacer, Simão Pedro Lima, a ideia da Rota do Café do Cerrado é mostrar para os turistas, para o mercado e para os coffee lovers a cafeicultura como ela é. 

Rota do Café
Em Patrocínio. uma das fazendas que fazem parte do roteiro é a Bela Vista, que produz em torno de 350 sacas por safra | Crédito: DIÁRIO DO COMÉRCIO / Michelle Valverde

“A cafeicultura é atraente, rentável, tem grande empregabilidade e uma alta responsabilidade ambiental. Temos diversos projetos conservacionistas. Precisamos mostrar isso para todas as pessoas. Então, surgiu a ideia da cafeicultura que atraísse o turismo de experiência. Nosso objetivo é mostrar a forma de ser da cafeicultura. Vamos mostrar como é hoje e o futuro que se desabrocha com a tecnologia do Cerrado”.

A Rota do Café do Cerrado conta, hoje, com quatro fazendas produtoras em Patrocínio. O roteiro inclui a Fazenda Bela Vista, onde é produzido o Alado Coffee; a Fazenda Santa Cruz da Vargem Grande, da AgroBeloni; a Fazenda Rainha da Paz e a Fazenda Agro Nunes.

Os visitantes também têm como opção a Cafeteria Dulcerrado by Expocacer, onde ocorre uma visita guiada, workshop de métodos de preparo do café e degustação harmonizada com produtos da região.

A ideia é, aos poucos e com a consolidação do roteiro, expandir o número de fazendas e também para as demais cidades que compõem a Região do Cerrado Mineiro.

A região do Cerrado foi a primeira a conquistar a Indicação Geográfica (IG) na modalidade Denominação de Origem (DO) pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). A marca é controlada pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado.

A região é composta por 55 municípios, que produzem, em média, 6 milhões de sacas de 60 quilos de café ao ano. São cerca de 4,5 mil produtores, responsáveis por uma área cultivada de café de 234 mil hectares. A produção representa 25,4% do volume de café estadual e 12,7% da nacional. 

Café: um amor de família!

Uma das unidades que compõem o roteiro da Rota do Café do Cerrado é a Fazenda Bela Vista, onde é produzido o Coffee Alado. Administrada pelo cafeicultor Alan Michel Batista, conhecido na região como Alan Alado, a unidade familiar produz em torno de 350 sacas de café por safra.

Alan Alado Rota do Café
Alan Alado, como é conhecido, cuida de toda a produção | Crédito: DIÁRIO DO COMÉRCIO / Michelle Valverde

A produção é feita com sustentabilidade, utilizando agricultura regenerativa, onde são adotadas práticas que promovem a regeneração do ambiente produtivo. Na unidade também ocorre o cultivo agroflorestal, onde o café divide o espaço com árvores frutíferas nativas do Cerrado, como o tamarindo. 

Sucessão

Alado é a terceira geração da família no cultivo de café. Ele assumiu a propriedade com apenas 17 anos, em 2016, após o falecimento do pai. À frente do negócio familiar e em busca de melhor rentabilidade, ele mudou as estratégias da produção, que antes vendia café apenas como commodity. Para agregar valor, passou a investir para produzir cafés especiais em 2018. Logo em 2019, já vieram os prêmios.

“Meu pai sempre cuidou muito do cafezal e, por isso, tínhamos um café de qualidade, mas que era vendido como commodity. Com o legado dele, investimos mais na melhoria dos processos, fizemos análises e passei a inscrever o café em concurso. Em 2019, começamos a ganhar prêmios e isso me estimulou a investir ainda mais em qualidade. Ganhamos visibilidade e surgiu procura, através da internet para visitar a fazenda”, revela.

Agora, integrando a Rota do Café do Cerrado, Alado espera receber os visitantes, mostrar todo o trabalho desenvolvido e promover uma experiência agradável e saborosa aos turistas. A atividade batizada “Café: um amor de família” inclui a degustação dos cafés especiais produzidos na fazenda e das quitandas mineiras feitas pela mãe do produtor, Geralda Francisca Batista, que também atua na produção do café. 

“A Rota do Café do Cerrado veio no momento certo. No momento em que precisávamos de estruturação e apoio para receber da melhor forma os diversos visitantes que estão interessados em conhecer nossa produção. Quem atua na parte produtiva não tem conhecimento na parte turística. Então, foi muito bom aderir. Participamos de feiras no País, divulgamos o café, fizemos treinamentos e agora vamos falar também para o turista”, disse Alado.

A produção do café Alado

O Coffee Alado é produzido em oito hectares. A produção é vendida no mercado interno – consumidores finais, torrefações e cafeterias -, e também começou a ser exportada para Portugal. 

Alan Alado Roda do Café
Lá, a atividade foi batizada de “Café, um amor de família” | Crédito: DIÁRIO DO COMÉRCIO / Michelle Valverde

O cultivo do café é 100% irrigado e regenerativo. Com os cuidados adotados, cerca de 90% da produção é de café especial, com notas acima de 80 pontos. “Ao receber os visitantes, ganharemos mais visibilidade. Vamos mostrar a produção dos cafés especiais e o manejo sustentável. Nosso roteiro é para que os turistas e coffee lovers conheçam a origem e vejam como os cafés são cultivados. Eles poderão conhecer os processos. Além disso, a rota vai fazer com que todos andem no caminho da sustentabilidade e da qualidade”.  

Tour Café & Natureza na Fazenda Santa Cruz da Vargem Grande – Agrobeloni

A Rota Turística do Café do Cerrado Mineiro também tem como integrante a Fazenda Santa Cruz da Vargem Grande – Agrobeloni. Além de produzir cafés de alta qualidade, a unidade se diferencia das demais por ser uma fazenda de multicultivos. Há produção de batata-inglesa, cebola, trigo, laranja, milho, sorgo, feijão, arroz, entre outros.

Tour Café
Crédito: Divulgação / AGROBELONI

Conforme a gestora de qualidade de cafés especiais da Fazenda Santa Cruz, Elesandra Aparecida Machado Beloni, integrar a rota é importante para mostrar ao turista as etapas de produção do café de qualidade e os cuidados com a sustentabilidade adotados na unidade. 

A Agrobeloni foi a primeira fazenda brasileira de café a conquistar o selo global Regenagri®. O selo atesta os rigorosos processos de cultivo, de preservação ambiental e o compromisso com a produção consciente e responsável. A Agrobeloni também tem as certificações da Rainforest Alliance e GlobalGAP.

Tour Café
Crédito: Divulgação / AGROBELONI

“Para a gente, é muito importante receber os turistas na nossa fazenda. Queremos mostrar como produzimos, o que a terra representa para a gente e do nosso amor por ele. Na unidade, além do café, há outras várias culturas”.

A visita pela unidade conta com um passeio pelos diversos espaços da fazenda, desde visita ao cafezal, aos terreiros e armazéns de processamento do grão. No tour, também é possível conhecer sobre as demais culturas, como batata, trigo, soja, entre outras. 

Tour Café
Crédito: DIÁRIO DO COMÉRCIO / Michelle Valverde

Junto à mata nativa e próximo às nascentes, são servidos os cafés especiais produzidos na unidade, acompanhados de opções que harmonizam com a bebida. 

“O turista, além de conhecer nosso empenho, vai perceber que temos amor e respeito pela terra e tudo que produzimos na fazenda. A Rota do Café do Cerrado é importante pela oportunidade que teremos de mostrar o que fazemos de melhor, que temos excelentes café, produzidos com sustentabilidade e respeito”.

Tour Café
Crédito: DIÁRIO DO COMÉRCIO / Michelle Valverde

Produção cafeeira

A produção de café na Agrobeloni, que é uma empresa familiar, gira em torno de 12 mil sacas de 60 quilos por safra. Deste volume, cerca de 60% é de café especial. Para este ano, as expectativas são positivas. A estimativa é que a qualidade da safra seja superior à anterior. 

Para uma produção cada vez mais sustentável, conforme Elesandra, houve adoção da agricultura regenerativa e do uso de produtos biológicos para controle de pragas e doenças. A unidade produtiva é on farm, contando assim com um laboratório que produz fungos e bactérias para controle de pragas e doenças.

Tour Café
Crédito: Divulgação / AGROBELONI

Há também na fazenda a economia circular. Os resíduos orgânicos gerados nas diversas produções vão para compostagem, retornando, assim, como adubo natural para o campo.

“Fazemos o uso dos biológicos para controlar pragas e doenças. Assim, hoje, com o uso destes produtos reduzimos em cerca de 40% o uso de produtos químicos. Isso é importante para a produção cada vez mais sustentável”, explicou Elesadra. 

Toda a produção do café Beloni é rastreada, monitoramento que vai da lavoura até as cafeterias. O café, além do mercado interno, vai também para os principais países consumidores do mundo, como Japão, Itália, Alemanha, Estados Unidos, Espanha, entre outros.

Experiência Terroir Região do Café do Cerrado

Após conhecer todo o processo de produção do café no campo, através da Rota do Cerrado, os turistas também têm a oportunidade de conhecer o terroir dos grãos.

Tour Café
Crédito: Divulgação / AGROBELONI

Neste passeio, chamado Experiência Terroir Região do Café do Cerrado, que acontece na torrefadora Coffee Roaster Porto Feliz, em Patrocínio, a empresária Poliana Gonçalves, apresenta as diferentes nuances do café do Cerrado. Os cafés da região possuem aromas intensos, com notas que variam do caramelo a nozes, a acidez delicadamente cítrica, corpo moderado a encorpado e sabor achocolatado de longa duração.

Tour Café
Crédito: DIÁRIO DO COMÉRCIO / Michelle Valverde

No mesmo espaço, os visitantes conhecem também a forma correta de torrar o café e os tipos de torras que conservam toda a qualidade do produto. No final da visita, há degustação sensorial e harmonização de cafés especiais. 

“Nesta experiência, os turistas podem conhecer o processo de torra ao vivo e, posteriormente, degustar o café harmonizado com os alimentos que mais combinam com a bebida, gerando, então, uma melhor experiência sensorial”, disse a empresária.

Tour Café
Crédito: Divulgação / AGROBELONI

Para ela, a Rota do Café do Cerrado é importante porque vai conectar o produtor aos consumidores finais. “Além de conectar os produtos ao consumidor, a Rota vai promover o desenvolvimento econômico, valorizar os nossos produtos, a região e gerar oportunidade de negócios, como o turismo”.

*De Patrocínio. A repórter viajou a convite do governo de Minas, Codemge, UniBH e Sebrae Minas

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